sábado, 19 de fevereiro de 2011

Represa

Pela manhã quando acordo antes de abrir os olhos,
Aperto suave o rosto contra o travesseiro
E enlaço envolta dele os meus braços
Só pra fingir que estou recostada em seu peito.
Faço dos meus sentimentos, represa,
Faço das minhas palavras, jangada,
Pra navegar nos teus olhos tranquilos,
Pra que não vaze de mim essas gotas que eu guardo de você.
Mas hoje sou eu quem me derramo.
Sou mágoa que encharca essa alma rasgada,
Sou pena e lamúria que flutua densa e estridente sobre o meu leito.
Sou melodia muda que ecoou tímida na brisa dos seus braços.
Hoje me rasgo no meio.
Deixo que meus dedos toquem o chão.
Permito que minha alegria se dissolva nessa nova vida triste.
E sem querer liberto o que me pesava o coração.
Pra pisar leve e firme,
Pra descansar em novas fronhas os pesares que se vão.

Thamy Bruno

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ponto final

O que me vem em sentimento não é facilmente descrito.
Está tudo pixado nessas paredes do meu dia-a-dia.
São riscos sem forma;
São traços sem cor;
Pinceladas sem eixo;
Tintas sem pudor.
As palavras me escorrem
E logo frases e verbos vão gotejando pelos dedos.
São poças de adjetivos que se formam pelo chão.
E não tem rima nessas linhas,
Não tem folhas pros meus versos.
Eu deixei as vírgulas num outro caderno,
Minhas interrogações estão espalhadas por todo lado
Enquanto as reticências tentavam sair da minha boca
Eu engasguei com montes de exclamações.
Meus asteriscos você sabe de cor
Só quero encontrar o meu ponto final que eu deixei jogado em algum canto de você.

Vivo ou morto.

    Em determinados momentos eu percebo que sinto muita falta do que ainda não aconteceu. Gasto um tempo danado sentindo essa melancolia enjoada, esse pesar, esse peso. Perco mais tempo ainda torcendo pra que essa saudade toda se transforme em realidade, mas hoje estou disposta a me perguntar: O que posso fazer pra que isso aconteça?
    Posso falar com certeza de que eu não faço idéia de como mudar essa situação. Estou bem confusa com relação a isso porque nunca sei quando devo agir e quando devo esperar. Vou dar um exemplo claro disso: Eu estou guardando uma saudade louca de você que nem sabe disso  e tenho que admitir que eu não tentei fazer com que você soubesse, mas tentei te ver e por um motivo ou outro não tem dado certo. O fato é que agora eu fico pensando no que devo ou não fazer.
    Me sinto cada vez mais boba e cada vez mais nas suas mãos e tinha tanto tempo que eu não me sentia assim e é tão bom que eu vou deixando tudo como está. Deixo o sentimento florescer, deixo o meu pensamento voar, crio cenas apaixonadas na minha cabeça, ouço músicas pensando em você, ouço sua voz quando você não está aqui.
    O que me resta é tentar te mostrar tudo o que sinto e torcer pra que isso também exista dentro de você.