quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Amigo



É que quando eu te disse que estava com saudades e você me respondeu dizendo que tinha outra em meu lugar, tudo doeu demais. Nessa hora eu só pude decidir que tinha que tirar você da minha vida, mesmo sabendo que doeria mais ainda. Aí eu passei um tempo chorando e pensando em tudo o que já tinha acontecido e em tudo o que eu queria que acontecesse. Lembrei um milhão e planos e de todas as formas como eu te enxergava. Até aquele momento você era tão perfeitamente imperfeito e por isso era assim mesmo tudo o que eu queria.

                Deixei de te ligar, de te procurar e me recusei a apagar o seu numero da minha agenda mesmo sabendo que meu coração se encolhia todo quando passava por ele de repente, mas é que antes de tudo você era meu amigo. E esse é um detalhe que fez tudo doer muito mais do que deveria. É que eu juro que não sabia que enquanto eu te beijava, eu estaria assinando um contrato que dizia que se tudo desse errado e que se eu me apaixonasse tão forte por você e a partir daí qualquer coisa que não era pra acontecer resolvesse surgir do nada, eu teria que abrir mão desse meu amigo que eu gosto tanto.

O tempo passa, sabe? E eu não acredito que ele cure tudo. Eu não acredito porque não acho que dor ou medo, paixão ou amor e falta sejam doenças. Mas às vezes esse tal de tempo consegue amenizar algumas coisas que a gente sente, ele tapa os nossos olhos e faz a gente olhar pra esquerda naquele momento em que você atravessa do outro lado da rua. Aí chega uma hora que por que eu não te vejo ou não te ouço mais, ou então porque de propósito deixei de ouvir aquelas músicas que você tocava e que eu ainda acho que você as canta muito melhor do que o Bon Jovi, o meu coração se engana e finge que não sente mais saudades. Na realidade ele sente, mas já não é a mesma coisa.

Hoje eu já não faço os mesmos planos e se é que te importa e não falo isso por desaforo, mas é só por mero desabafo que eu te vejo de outra forma. É que hoje eu percebo coisas que eu não sentia na época. Agora eu percebo que não me sentia parte da sua vida, ou melhor, eu fazia parte de um pedaço só seu e por ser só seu você não mostrava pra mais ninguém. Nessas horas eu me sentia tão excluída de todas as outras coisas que faziam você. Eu nunca estive misturada as outras partes da sua vida como os seus amigos, ou a sua família e os seus planos eram tão distintos dos meus. Suas ambições e alvos não se encontravam com a minha sede de trabalhar por amor pra assim conseguir ser feliz, nos meus objetivos, o que vem depois é consequência, mas você é tão milimetricamente calçado em metas tão lineares que embora eu pense que um quebra-cabeça não se completa com duas peças iguais, vejo que realmente as nossas são demasiadamente diferentes.

Não estou aqui pra apontar defeitos de ninguém, até porque, nada do que mencionei considero que sejam falhas, muito pelo contrário, admiro essas qualidades, mas hoje acho que não seria mesmo a peça que cabe na minha vida. É que eu sou assim tão estabanada e canto mal e acho a maior graça disso. E acho que a vida é feita de coisas gostosas, mas tem horas que são feitas para um certo sofrimento. Sou a favor do usufruir, do corpo, da vida, dos amigos e que seriedade é pra pouca coisa mesmo, mas esse é só o meu jeito. Fora o fato de que esse é somente um espaço que tento mostrar de mim mesma e pra mim mesma esse tipo de coisa que falo rápido e meio sem pensar pra não correr o risco de sentir muita vergonha depois. É quase que um quadro pintado de uma realidade que acaba de nascer entre os meus dedos e escorre por essas teclas esperando para serem observadas, lidas, gritadas, digeridas, desgastadas e quem sabe, entendidas.

De resto, do meu amigo, sim, eu sinto falta.