segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Algumas quedas pelo caminho.

      Pra falar a verdade, acho que hoje não vai ser nada divertido ler essas palavras, esses cacos de mim. Acho que já fiz uma boa introdução de como tudo aconteceu e penso que chegou a hora de me colocar no presente nessa linha do tempo. Adiantando a trajetória para o dia de hoje, não tenho meias-voltas pra dar e tampouco me interessa tudo o que aconteceu na semana passada ou em todo esse tempo presente que eu gastei, talvez em vão, mas ainda guardando as ilusões de que tenham tido qualquer finalidade, tropeçando em mim mesma e entre gaguejos e frases soltas falando de um eu que fui e que muitas vezes de forma intermitente sou e fui e serei ou nem isso, não sei.

      Tentando deixar de lado a confusão, vou tentar te dizer que um dia nunca é fácil pra mim. Vou deixar claro agora que na minha vida há sempre altos e baixos diários, mas por algum motivo, o qual eu ainda não identifiquei, já tem alguns dias que eu me encontro na parte baixa.

      Essa é a parte mais difícil da minha convivência social. Tenho a tendência sempre de me isolar e isso significa ficar trancada no meu apartamento, que é subterrâneo e não sair durante dias, muitas vezes sem nem ao menos atender ao telefone. Faço isso geralmente em fins de semana, já que eu não posso simplesmente faltar o trabalho e ainda me resta um pouco de bom senso. Durante esse período eu tenho duas possibilidades, ou eu simplesmente hiberno, dormindo quase 20h por dia numa rotina de dormir, acordar, comer qualquer coisa e voltar a dormir ou a segunda opção, que pra mim é a pior... Eu simplesmente não durmo. É isso!

      No segundo caso eu fico o tempo todo catando qualquer coisa que possa fazer, obviamente sozinha e sem sair de casa. Finjo interesse por qualquer coisa, mas sempre dou um jeito de escapulir de compromissos que envolvam qualquer tipo de interatividade com outro ser humano. Nem sempre eu consigo essas façanhas, algumas pessoas já aprenderam a detectar esse meu comportamento e simplesmente param em frente a minha casa e me fazem sair. No fim de tudo eu acabo agradecendo. Sabe como é... Amigos servem pra nos dar solavancos também... Os meus só tem que fazer isso com mais frequência.

      Atualmente, como hoje de manhã, acontece que é deprimente levantar. Não é com relação ao sono... Até porque eu não tenho conseguido dormir mesmo, mas parece um pingo de misericórdia quando eu finalmente adormeço. Perco horas até pegar no sono pensando em tantas coisas que me tiram do serio sem saber que na verdade o que me irrita é o fato de eu não conseguir parar de pensar. No entanto a sensação de ter que pensar tudo de novo, ver pessoas, ter que fingir que está tudo certo é realmente dolorido. Pra dar uma noção real do que eu digo, é fisicamente dolorido levantar da cama. Eu me pego pensando que eu vou ter que passar por tudo de novo, as mesmas pessoas e sinceramente um simples "bom dia!" é a coisa mais sínica do mundo pra mim.

      Pode parecer que eu sou simplesmente uma pessoa chata e ranzinza, mas é que os dias simplesmente não são tão legais pra mim... Às vezes faço um esforço danado pra ter um bom dia. Ainda bem que eu tenho escolhido boas pessoas pra me ajudar nessa tarefa. Uma delas me perguntou um dia desses: Como se faz pra encontrar a felicidade? E eu simplesmente respondi: Bom, eu tomo alguns comprimidos!

      Nesses dias é tudo mais difícil. Levantar da cama é o caos, levo muito tempo no banho porque quando desligo o chuveiro me lembro de que nem passei o shampoo no cabelo. Demoro pra me vestir porque tenho que fazer tudo várias vezes, por exemplo, sento na cama pra colocar a meia, aí olho em volta e esqueço porque eu sentei, levanto pra pegar o sapato e me lembro da meia... Deu pra entender? Trabalhar é quase impossível porque eu não consigo me concentrar em nada e tenho vontade de cometer um genocídio a cada meia hora. Aí eu penso, está na hora de entrar no casulo, mas como? Preciso acordar, tomar banho, me vestir e trabalhar... Maldita vida adulta!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Um pouco da verdade.

    Quero começar dizendo que quando você se propõe a "caminhar sozinho" não significa que você realmente estará sozinho. O meu modo de ver tal situação é muito simples: Todos precisamos de apoio e se pudermos, devemos ter por perto o maior número possível de pessoas com quem possamos contar. Cabe aqui a seguinte observação: Devemos manter essas pessoas para termos acesso a conselhos úteis, colo e tudo que possa estar agregado, mas isso tem a função de nos auxiliar, mas as decisões são nossas. Acho que essa é uma das melhores formas de se aprender a ter certas responsabilidades. É bom saber que temos um apoio, mas temos que arcar com as responsabilidades e conseqüências. 
    Foi exatamente nesse momento que eu pude ver com quantas pessoas eu podia contar e a surpresa foi boa, o número era bem maior do que eu imaginava. Descobri muitos amigos, pessoas que não eram tão próximas, mas que de alguma forma estavam ali esperando uma pequena oportunidade pra se fazerem presentes. O mais importante de tudo foi aprender que tudo depende de mim. Se uma pessoa não se aproxima, é bem provável que a barreira tenha sido colocada por mim. Acreditem, não é fácil lidar com esse tipo de coisa, mas sem dúvida é necessário.
    Independente da minha vontade, eu obviamente não tive escolha e tive que administrar o sentimento de que eu tinha, durante toda a minha vida, afastado muitos dos que deveriam estar mais perto e era hora de reverter esse quadro. Admito agora e admitir não é uma das coisas mais fáceis pra mim, que tenho tentado mudar isso tudo. O receio de que só eu esteja vendo mudanças não passa nunca, mas essa é uma conseqüência com a qual eu tenho que lidar. Nesse meio tempo foi inevitável perceber que quando ferimos alguém não podemos exigir de volta a confiança que perdemos, mas podemos tentar reconquistá-la dia a dia. Talvez nada volte ao que era, se é que um dia eu deixei que fosse, mas dessa vez a escolha não é minha. Essas coisas levam tempo e agora eu só posso esperar ele passar.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tentando caminhar sozinha




Finalmente era hora de abrir os olhos e ver todo aquele novo caminho que havia em minha frente. Era tudo muito bom, mas nada era muito fácil. Pra começar tive que descobrir o que eu realmente queria e fazer uma busca bem detalhada pra achar onde seria a minha casa. Quando uma mulher decide morar sozinha tem que pensar em tudo o que pode acontecer, principalmente em matéria de segurança e nessas horas é necessário ser um pouco pessimista pra enxergar tudo com mais clareza.
Antes de realmente encontrar, me dei ao trabalho de visitar alguns apartamentos, mesmo sabendo que não iria alugar, seja pelo valor ou localização. Visitei alguns para ter uma noção de espaço e pra começar a ter uma idéia mais realista do que eu queria e do que eu poderia ter. Assim fui tendo noção exata de em que bairro eu iria procurar e coisas que eu precisava ter por perto, como ponto de ônibus, mercado, padaria e etc. Queria ter as minhas prioridades muito claras e é claro que não poderia deixar de definir bem quanto eu estaria disposta a pagar por um aluguel e quanto isso iria afetar o meu orçamento. 
Depois de mais ou menos duas semanas procurando todos os dias em sites, jornal, imobiliárias e indicação de amigos finalmente encontrei algo que parecia viável. É claro que não foi fácil assim, no meu primeiro contato com a imobiliária peguei a chave de uns quatro apartamentos no mesmo prédio, uns melhores, uns piores, mas todos moráveis. Me interessei por um deles e fiz o meu cadastro, mas no mesmo dia me ligaram avisando que já havia alguém interessado por aquele apartamento e que fechou contrato no mesmo dia, mas que me indicariam como prioridade para um outro apartamento que eles tinham se esquecido de me mostrar, a desvantagem era o fato de ser num subsolo, mas em contrapartida o aluguel seria mais barato. Bom, como não tinha nada a perder, topei a proposta, voltei na imobiliária, peguei a chave e ao sair eu não sabia que já estava indo pra casa.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Vivendo o clichê "Ano novo, vida nova!"

O ano começou bem diferente... Cheio de expectativas, motivações, possibilidades, planos e muitas ilusões também. Não tinha um único e claro objetivo e tentar abarcar o mundo com as pernas geralmente não dá certo, mas eu precisava tentar. Precisava saber mais de mim e dos outros, testar meus limites, ampliar meus horizontes, me explorar e explorar a vida, o mundo, o outro. Me sentia muitas vezes como uma criança curiosa que quer saber o porque de tudo, mas às vezes eu percebia que me bastava descobrir algo novo, mal me importava o porque. Era sempre mais importante estar ali, fazendo qualquer coisa que não fosse o usual do que me preocupar com o porque de tudo.
Situações assim podem ser encantadoras pra quem vive, mas nem sempre é confortável pra quem está em volta. Pense pelo lado prático... O fato de você querer mudar não quer dizer que quem está em volta de você queira aproveitar e aceitar essa mudança e nem sempre o que você acha que é bom pra você é o que os outros vão gostar. Obviamente isso aconteceu comigo e eu não resisti a decidir a favor da minha nova possibilidade de vida àquela que eu levava antes. 
A minha visão era muito simples: A minha vida "antiga" fazia eu me sentir presa, pesada, morta. A minha vida nova fazia eu me sentir solta, livre, leve, segura. Será que essa é uma decisão tão difícil assim de ser tomada? Acho que não. Não tinha haver com não me importar com os outros, mas eu tinha que me testar, me expandir, me dilatar. E foi assim que eu fui atrás de um apartamento (ou algo do tipo).
E a minha aventura estava só começando...