sexta-feira, 30 de julho de 2010

Aprendendo a ser solteira.

Como se pode imaginar, depois de quase cinco anos num relacionamento, eu queria correr atrás do "tempo perdido". Não quero parecer injusta e por isso devo explicar que não acho de forma alguma que perdi tempo enquanto estava namorando e quero deixar bem claro que não tenho o direito e nem motivos pra culpar ninguém por decisões que eu mesma tomei. De qualquer forma, por estar namorando e por querer passar mais tempo perto dele, acabei me afastando de muitas amizades. Fazíamos programas caseiros, deixamos as baladas e festas por cinemas, teatros e filminhos locados.
Na época, tudo isso foi muito bom e fiz algumas amizades temporárias (os amigos dele), mas outras ficaram e são muito importantes pra mim (um casalzinho lindo que me deu muita força, conselhos, apoio e tudo mais). Mesmo assim, quando me vi sozinha, podendo fazer o que eu bem quisesse... Quis retomar a minha vida de solteira do ponto onde tinha parado. É só comigo ou todo mundo que termina um namoro quer sair, curtir, festejar e etc.?
Bom, sendo só comigo ou não... Foi tudo o que eu queria fazer e lógico que eu iria reaver as amizades que eu tinha deixado de lado durante todo aquele tempo. Como era época de fim de ano, a primeira coisa que eu fiz foi chamar uma amiga pra passar o ano novo em qualquer balada relativamente barata que encontrássemos. Ainda bem que ela topou na hora e começamos a busca por baladas de ano novo, até porque, ninguém merece passar ano novo tendo que explicar pra família porque do rompimento do noivado. 
A festa de ano novo aconteceu e o ano começou cheio de planos e promessas. Eu queria fazer tantas coisas, viagens, cursos... Eu estava tão empolgada com todas as possibilidades que eu tinha nas mãos que eu topava qualquer coisa absurda e foi aí que eu comecei querer ter a minha própria vida, arcando com as minhas escolhas e objetivos, mas essa é uma história que ainda está acontecendo e vai ser contada aos poucos.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O tempo não para.


Como eu imaginava a terapia iria me ajudar bastante, mas a ajuda nem sempre vem da maneira que esperamos e no meu caso, ela veio bem diferente do que todos esperavam. Conforme as consultas iam acontecendo, novas crises iam surgindo, mas muita coisa foi sendo resolvida e umas das coisas que foi sendo tratada foi a minha auto-estima, se é que eu tinha isso.
Até eu perceber que a minha auto-estima havia sumido foi todo um processo e eu que até então tinha uma vida tranqüila, já que eu tinha um bom emprego, bons amigos e um relacionamento caminhando pro altar... Fui percebendo que o meu emprego não era tão bom assim, mas que eu poderia fazer dele uma fonte de crescimento profissional, eu realmente não estava tão satisfeita com algumas amizades e eu definitivamente tinha um relacionamento baseado em dependência e comodismo, ou seja, eu ainda tinha muita coisa pra mudar.
Esse foi o meu ponto de partida. Obviamente decidi manter o meu emprego já que precisaria dele mais tarde pra poder realizar alguns dos meus planos. Mas o noivado, esse não teve jeito. Tive que rever vários pontos e sofri muito com isso. Cheguei num momento em que percebi que estava presa num relacionamento por mero comodismo e que embora existisse um grande sentimento de amizade e admiração, não havia amor suficiente para um casamento.
Tive uma grande influencia de criação pra tomar essa decisão. Embora os meus pais sejam hoje divorciados, cresci sendo ensinada que casamento deve ser um só e pra vida toda. É claro que hoje em dia se sabe que contratempos acontecem e em determinadas situações um divórcio é inevitável, ainda assim, penso que seria no mínimo uma tremenda irresponsabilidade manter um noivado sabendo qual seria o final dessa história. Prefiro terminar um noivado a um casamento.
Mesmo que eu esteja explicando toda a situação de forma simples e resumida, quero que saibam que esse processo todo levou meses e que foi bastante doloroso pra mim. Imaginem a seguinte situação: Você está há quase cinco anos com uma pessoa, tem uma aliança dourada no dedo, está pra marcar a data do casamento e "de repente" se dá conta de que aquilo tudo não faz sentido. Tente admitir pra si mesmo que você não ama (romanticamente falando) o seu futuro marido. Isso parece fácil? Pra mim não foi.
Não foi fácil admitir essa situação toda, não foi fácil contar pra ele, não foi fácil ter que deixar toda a família e amigos cientes. Tive que ouvir conselhos que eu não queria, tive que aturar as caras de pena e os lamentos falsos. Algumas pessoas se deram ao trabalho de me cobrar o fato de eu simplesmente não ter dado a noticia logo depois de acontecido e foi aí que eu comecei a rever algumas das minhas amizades. Ainda bem que pude contar com muitos outros amigos, alguns até que eu nem sabia que tinha, mas sobre eles eu falo numa outra hora.
Por hoje chega de lamentos.
                

terça-feira, 27 de julho de 2010

A primeira crise.

Não sei bem ao certo o mês, mas acho que foi por volta de setembro do ano passado que recebi uma notícia que iria mudar tudo de uma vez por todas. Depois de 24 anos de conflitos internos, altos e baixos, brigas, discussões e coisas do tipo, veio, enfim o diagnóstico - Transtorno Afetivo de Humor -  mais conhecido também como transtorno bipolar e no meu caso, mais especificamente 'personalidade ciclóide', que consiste basicamente num transtorno bipolar bem mais ameno. 
Vou tentar explicar de uma maneira mais simples: Tenho variações de humor drásticas, que podem acontecer em diversos períodos de tempo, de várias formas e intensidades diferentes. Às vezes fico com o humor estável por períodos mais longos, o que não é muito comum, geralmente tenho variações diárias. Essas variações também variam de estado de melancolia, euforia ou  agressividade, mas não chego aos extremos de tentar suicídio ou perder a noção de realidade.
Deu pra entender? Acho que agora já posso continuar a falar da crise em si. O problema todo foi o misto de sentimentos (como se isso já não acontecesse normalmente na minha vida), dessa vez eu tinha um diagnóstico, o problema agora tinha nome. Dá pra perceber o quanto isso pode ser bom? Eu passei a vida inteira parecendo uma pessoa estranha, considerada por mim mesma como "inadequada", tinha brigas e mais brigas em casa por causa desse meu jeito estranho de ser, ouvindo coisas como: "A gente nunca sabe como falar com você." ou "Uma hora você está pelos pés e outra hora pela cabeça!". Dessa vez eu sabia que eu tinha um motivo pra tudo isso acontecer.
Vocês devem estar pensando que a partir daí tudo ficou ótimo... Afinal, eu já sabia a causa dos meus problemas... Mas não foi bem assim. Vejam o outro lado da moeda: Eu agora tinha que me acostumar ao fato de que eu realmente tinha um problema. Tive que ouvir do médico, um psiquiatra, que eu tinha um problema mental. Não sei se dá pra perceber, mas a maioria das pessoas não gosta muito de ouvir o termo "doente mental" e preconceitos a parte, não dá pra ignorar o fato de que é um termo um tanto quanto pesado.  
Nesse ponto eu tinha que aprender a lidar com mais esse fato, a doença mental.Pra mim era muito óbvio que eu entraria numa crise daquelas! Agora eu devia admitir pra mim mesma que eu tinha um problema pra tratar e tinha que finalmente admitir pra algumas outras pessoas. Na época eu estava noiva e como eu contaria pra ele que eu tinha esse problema? Tive um medo tremendo de contar tudo, mas não era algo que eu conseguiria esconder. Por outro lado, ele merecia saber. Ele tinha que ter o direito de escolha. Não sei se era tudo coisa da minha cabeça, mas pra ele pareceu um tanto obvio que isso não mudaria nada. 
Bom, resumindo o final dessa história, tive que fazer um milhão de exames e comecei a fazer terapia também, o que me ajudou e ainda ajuda muito. Tomo remédios todos os dias, não posso beber, mas ainda fumo - uma coisa quase eventual - e vou pelo menos uma vez ao mês no psiquiatra, na maioria das vezes pra pegar a receita dos remédios ou pra fazer algum ajuste no tratamento, que como ainda é recente, ainda estou numa fase de experimentação. 
Pra matar a curiosidade de todos... Me sinto bem melhor, mesmo que ainda tenha os meus altos e baixos. 

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Apresentação




Essa nova parte da minha vida começa parecida com uma música da Rita Lee que diz assim: "Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo o que eu queria fazer... E fui andando sem pensar em voltar e sem ligar pro que me aconteceu..." E por aí vai. 
Tudo começou com uma decisão que não foi tomada quando deveria ter sido e acabou evoluindo pra uma crise interna e culminou com um corte de cabelo. Pra muitos, o fato de eu ter cortado o cabelo foi apenas o primeiro sinal de que alguma coisa iria acontecer. Sabe como é... Dizem que quando uma mulher corta radicalmente o cabelo é sinal de que o tempo vai fechar... E fechou! Mas nem de longe esse foi o primeiro sinal. Aonde tudo realmente começou isso só eu sei.
O importante é que esse corte de cabelo foi só o início de uma reação em cadeia, um efeito dominó. Mudei de cabelo e a partir daí, mudei também de vida. A ordem dos acontecimentos foi a seguinte: Corte de cabelo, terapia, término de relacionamento, empenho no trabalho, reatar e adquirir novas amizades, melhorar a vida social e por fim, alugar o meu próprio apartamento.
O último item tem sido a minha melhor e maior aventura e é sobre isso que eu pretendo escrever aqui. Sobre como tem sido essa nova vida, falar sobre as coisas boas e ruins de viver sozinha. Sem duvidas tem muitas partes divertidas, mas nem tudo são flores, mas quero falar também de tudo o que passei pra chegar até aqui.
Espero conseguir divertir, explicar e até quem sabe, ajudar quem quer que esteja lendo esse meu diário público. 
         Sejam bem vindos a minha vida!