terça-feira, 27 de julho de 2010

A primeira crise.

Não sei bem ao certo o mês, mas acho que foi por volta de setembro do ano passado que recebi uma notícia que iria mudar tudo de uma vez por todas. Depois de 24 anos de conflitos internos, altos e baixos, brigas, discussões e coisas do tipo, veio, enfim o diagnóstico - Transtorno Afetivo de Humor -  mais conhecido também como transtorno bipolar e no meu caso, mais especificamente 'personalidade ciclóide', que consiste basicamente num transtorno bipolar bem mais ameno. 
Vou tentar explicar de uma maneira mais simples: Tenho variações de humor drásticas, que podem acontecer em diversos períodos de tempo, de várias formas e intensidades diferentes. Às vezes fico com o humor estável por períodos mais longos, o que não é muito comum, geralmente tenho variações diárias. Essas variações também variam de estado de melancolia, euforia ou  agressividade, mas não chego aos extremos de tentar suicídio ou perder a noção de realidade.
Deu pra entender? Acho que agora já posso continuar a falar da crise em si. O problema todo foi o misto de sentimentos (como se isso já não acontecesse normalmente na minha vida), dessa vez eu tinha um diagnóstico, o problema agora tinha nome. Dá pra perceber o quanto isso pode ser bom? Eu passei a vida inteira parecendo uma pessoa estranha, considerada por mim mesma como "inadequada", tinha brigas e mais brigas em casa por causa desse meu jeito estranho de ser, ouvindo coisas como: "A gente nunca sabe como falar com você." ou "Uma hora você está pelos pés e outra hora pela cabeça!". Dessa vez eu sabia que eu tinha um motivo pra tudo isso acontecer.
Vocês devem estar pensando que a partir daí tudo ficou ótimo... Afinal, eu já sabia a causa dos meus problemas... Mas não foi bem assim. Vejam o outro lado da moeda: Eu agora tinha que me acostumar ao fato de que eu realmente tinha um problema. Tive que ouvir do médico, um psiquiatra, que eu tinha um problema mental. Não sei se dá pra perceber, mas a maioria das pessoas não gosta muito de ouvir o termo "doente mental" e preconceitos a parte, não dá pra ignorar o fato de que é um termo um tanto quanto pesado.  
Nesse ponto eu tinha que aprender a lidar com mais esse fato, a doença mental.Pra mim era muito óbvio que eu entraria numa crise daquelas! Agora eu devia admitir pra mim mesma que eu tinha um problema pra tratar e tinha que finalmente admitir pra algumas outras pessoas. Na época eu estava noiva e como eu contaria pra ele que eu tinha esse problema? Tive um medo tremendo de contar tudo, mas não era algo que eu conseguiria esconder. Por outro lado, ele merecia saber. Ele tinha que ter o direito de escolha. Não sei se era tudo coisa da minha cabeça, mas pra ele pareceu um tanto obvio que isso não mudaria nada. 
Bom, resumindo o final dessa história, tive que fazer um milhão de exames e comecei a fazer terapia também, o que me ajudou e ainda ajuda muito. Tomo remédios todos os dias, não posso beber, mas ainda fumo - uma coisa quase eventual - e vou pelo menos uma vez ao mês no psiquiatra, na maioria das vezes pra pegar a receita dos remédios ou pra fazer algum ajuste no tratamento, que como ainda é recente, ainda estou numa fase de experimentação. 
Pra matar a curiosidade de todos... Me sinto bem melhor, mesmo que ainda tenha os meus altos e baixos. 

Um comentário:

  1. Que bom que está dando certo Thamy!
    Acho que fazer coisas que gostamos de verdade ajuda pra caramba!

    bjs

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